segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Moha Mudhgarah - Bhaja-govinda



Moha Mudhgarah
Bhaja-govinda
Sri Sankaracharya Bhagavatpadha
Kamakoti.org

Tradução e comentários de 

Swami Krsnapriyananda Saraswati

Gita Asharma 2011

Sri Adi Sankara Acharya



Uma introdução

Sri Adi Sankara nasceu num vilarejo chamado Kalady, de um culto casal  Brahmi Vaidika, Sivaguru e Aryamba, e mais tarde tornou-se o maior filósofo do mundo jamais visto. Ele foi o primeiro Sankaracharya de Kamakoti Pitham, em Kanchipuram.

Sri Sankara compôs um grande número de hinos para encorajar o sentido de devoção nos corações das pessoas, e esse foi o Seu maior serviço. Bhaja Govinda é um entre Seus muitos trabalhos e esta curto guirlanda de poemas em louvor ao Senhor Krsna (Govinda), onde Ele aponta a efêmera natureza da vida diante da grandeza do Guru, de Bhakti, etc.

Alguns críticos imaturos da Filosofia indiana creem e dizem que a via da devoção é diferente daquela do conhecimento. O sábio emprega a distinção enfatizando uma tese particular na qual são discursos em contextos diferentes. Não deveremos ficar confusos por isso, falhando no entendimento da verdade.

Quando a inteligência amadurece, e reside seguramente no coração, ela se torna sabedoria. Quando a sabedoria integra-se com a vida lançando-a em ação, ela se torna devoção. O conhecimento que amadurece é dito como sendo devoção. E se ele não se transforma em devoção, tal conhecimento é inútil e enfeite sem utilidade.

Sustentar e dizer que Jñana e Bhakti, conhecimento e devoção, são diferentes um dos outro, como o ouro na sua base metal, é expor nossa ignorância. A não ser que os  sentidos sejam controlados, o conhecimento não irá forte segurança no coração. O conhecimento não irá penetrar. Como alguém contém a pulsão natural dos sentidos? O coração não pode ser punido se os desejos e apegos não são evitados.

Seus apegos deverão estar totalmente extintos, e se a mente deve ser liberta deles, então a mente deverá direciornar-se para Deus. É preciso ter consciência de que exceto pela devoção a Deus não há outra maneira eficaz de controlar os sentidos. Sri Sankara compactado isso dentro do Bhaja-govinda, a canção substancial de todos os trabalhos védicos que Ele escreveu, e tem colocado a verdade da união da devoção e do conhecimento, pela melodiosa música a qual delicia nossos ouvidos e nossa alma.

1
Adore o Senhor, adore o Senhor, adore o Senhor, ó tolo! Quando chegar a hora (da partida), a repetição de regras gramaticais não irão, de fato, salvá-lo.
2
Ó tolo! Abandone o desejo de acumular riquezas; crie na mente pensamento sobre a realidade, destituída de paixão.
3
Contemplando a sedutora forma feminina, não seja vítima da frenética ilusão. Ela é (a forma) nada mais do que uma modificação de carne e gordura. Assim, sempre pense corretamente em sua mente.
4
A água sobre a folha de lótus é muito instável; assim, também, a vida é extremamente estável. Saiba que todo o mundo é devorado pela doença e prepotência, e golpeado com sofrimento.
5
Tanto quanto a sua capacidade de ganhar dinheiro será o apego de seus descendentes a você. Depois, quando você viver num corpo enfermo, ninguém mesmo falará uma palavra a você.
6
Tanto quanto há respiração no corpo as pessoas da família pedirão sobre seu próprio bem-estar. Uma vez que cesse a respiração, na destruição do corpo, aqueles dependentes temem o mesmo corpo.
7
Quando menino, o homem é atado às brincadeiras; quando jovem, o homem é atado às mulheres; quando velho, o homem é atado à ansiedade. Ao Brahman Supremo, infelizmente, ninguém se apega!
8
Quem é a sua esposa? Quem é o seu filho? Sumamente maravilhoso, de fato, é este processo empírico! De quem você é? Quem é você? De onde você veio? Oh! Irmão, pense nestas verdades aqui!
9
Pela companhia do bem, surge o desapego; atraves da companhia do desapego, surge a liberação da ilusão. Através da perda da ilusão surge a estabilidade; pela estabilidade surge a liberação na vida.
10
Quando a juventude se vai, qual a ambição que joga? Quando a água evapora, que lago há? Quando o dinheiro se vai, onde estão os dependentes? Quando a Verdade é conhecida, qual é o processo empírico?
11
Não seja orgulhoso pela riqueza, parentes e juventure; o tempo leva todos eles num momento. Deixando de lado tudo o qual é da natureza da ilusão, e conhecendo o estado de Brahman, entre nele.
12
Dia e noite, anoitecer e aurora, primavera e verão, vêm e vão repetidas vezes. O tempo diverte-se, a vida é passageira; mesmo assim, uma pessoa não deixa as voltas do desejo.
13
Por que se aborrecer com a esposa, riqueza, etc? oh! Louco; não é a você a quem o Uno  ordena? Nos três mundos, apenas a associação com boas pessoas podem servir como um barco que poderá levar a alguém a cruzar o mar de nascimentos.
14
O asceta enrola-se num cobertor; outro raspa a cabeça; a uns com os cabelos trançados um a um; há quem se disfarce diferentemente usando ocre – roupas coloridas – assim como um tolo que, apesar de olhar, não enxerga. Realmente, todos estes disfarces são para o “bem da barriga”.
15
O corpo fica decrépito; a cabeça fica calva; a boca fica sem os dentes, e apoia-se em muletas; o homem velho o cerca. Mesmo assim, a massa de desejos não se vai!
16
Diante de si está o fogo; nas suas costas, o sol; na noite (o asceta senta-se) com os joelhos encolhidos ao peito; ele recebe esmolas em suas mãos, e vive sobre as árvores, mesmo assim o cativeiro dos desejos não o deixa.
17
Alguém sai em peregrinação até onde o Ganga junta-se com o mar, ou observa os votos religiosos com cuidado; ou oferece presentes. Mas ele é destituído de conhecimento, e não alcança a realização – conforme todas as escolas de pensamento – mesmo num milhar de vidas.
18
Viva em templos ou aos pés das árvores; durma no chão usando pele de veados; renuncie a todas as posses e seus desfrutes; pode haver felicidade em quem não se desapegou?
 19
Deixe-se alguém praticar a concentração; ou deixe-se alguém indulgir-se no desfrute dos sentidos. Deixe-se alguém encontrar prazer em companhia ou na solidão. Ele será apenas feliz, feliz, muito feliz, cuja a mente desvele o Brahman.
20
Para aquele quem estudou o Bhagavad-gita, mesmo um pouquinho; quem bebeu uma gota da água do Ganges; e que realizou a adoração ao destruidor do demônio Mura (Sri Krishna), pelo menos uma vez, não terá querelas como Yama (o Senhor da Morte).
21
Repetidos nascimentos; repetidas mortes, e repetidos repousos em ventre materno, este processo transmigratório é extenso e difícil de cruzar. Salve-me, oh! Destruidor de Mura (Sri Krishna), através de Sua graça!
22
Aquele que usa uma roupa feita de trapos a fim de mendigar nas ruas; aquele que trilha o caminho além do mérito e demérito, o yogi abrindo mão de sua mente ao Yoga, deleita-se (no Brahman) como uma criança ou um homem louco.
23
Quem é você? Quem sou eu? De onde vim? Quem é minha mãe, quem é meu pai? Assim investiga, deixando de lado o mundo todo, o qual é comparado a um sonho, e sem essência.
 24
Em voce, em mim, e também em outros lugares, há somente um Vishnu (Deus). Em vão você zamga-se comigo, sendo impaciente. Veja o Ser – Atma – em todas as coisas, e deixe toda a ignorância que é causa da diferença.
25
Não faça esforço para estar em guerra ou em comum acordo com o inimigo, amigo, filho ou parentes. Se voce quer alcançar o status de Vishnu (de divindade) em breve, seja equânime – considere todas as coisas.
26
Abandone o desejo egoísta, a ira, o orgulho e a ilusão, autoinquirindo-se: quem sou eu? Aqueles sem autoconhecimento são tolos; presos na inferioridade, eles são torturados.
27
O Bhagavad-gita e o Santos Nomes devem ser cantados; a forma do Senhor de Laksmi deve sempre ser meditada; a mente deverá ser conduzida para a companhia do bem; e a riqueza deverá ser distribuída de forma generosa.
28
É fácil para alguém obter o prazer carnal; subsequentemente, olhe! há doença do corpo. Apesar de a morte refugiar-se no mundo, mesmo assim a pessoa não abre mãos da via impura.
29
A riqueza não é bem! Assim reflita nisso. Não há a menor felicidade a partir daí. Isso é a verdade. Porque a riqueza existe no temor mesmo de um filho; em todo o lugar esta é a forma normal.
30
A regulação da respiração; o recolher dos sentidos (dos objetos respectivos); o inquirir, consistem no discernimento entre o eterno e o não-eterno; o método do controle da mente associado com o murmurar de mantras – realize isso com grande cuidado.
31
Estando devotado completamente aos pés de lótus do Mestre Espiritual (Guru), livre-se do processo do samsara (reencarnação). Desta forma, e através da disciplina dos sentidos e do controle da mente, você irá contemplar a deidade que reside no seu coração.


om hari hara om tat sat