domingo, 11 de dezembro de 2011

O Vedanta


O Vedanta
Nove aspectos fundamentais
por
Swami Vivekananda


Em uma das palestras que Swami Vivekananda deu nos Estados Unidos ele disse: “Um sannyasi não pode pertencer a qualquer religião, por sua vida de pensamento independente, o qual se recolhe (afastando-se) de todas as religiões; esta é a vida de realização, não uma mera teoria ou crença, muito menos um dogma”. Até mesmo chamar Vivekananda de um ‘vedantista’ é colocar um rótulo nele injustamente.

O que então, pensarmos pelo Vedanta de Sankarachaya ou de Ramanuja, ou ainda de qualquer outro acharya? Nós intencionamos enfatizar, alguma coisa indicada pela palavra sânscrita darshana, a visão especial de uma pessoa em particular. Nós desejamos esquematizar e discutir aqui alguns dos nove pontos importantes os quais devem ser considerados características especiais do Vedanta por Vivekananda.
Antes de fazermos isso, deixe-nos primeiramente apontar o que parece ser erros frequentemente feitos no aproximar-se da vida e pensamento de Swami Vivekananda. Se nós podemos clarear o solo destes erros preconcebidos, nossos passos dentro da região de Vivekananda nos serão mais acertados.
Vejamos, então, alguns dos tópicos:

1-  que Vivekananda algumas vezes foi infiel ao que Sri Ramakrishna ensinou: sua mensagem parecer ser totalmente diferente.

Réplica: em primeiro lugar, o mestre jamais ensinou a Narendra que ele teria que ser um ‘clone’ de si. Ramakrishna demostrava com frequência respeito à amplitude e nível das mentes de seus discípulos. Em segundo, deve ser lembrado que eles tinham ouvintes muito diferentes. Ramakrishna falou para ocidentais instruídos, mas ainda com muitos indianos por detrás, residentes de Calcutá, enquanto Vivekananda endereçou-se ao público americano e europeu, produtos do renascimento e da ciência, bem como da filosofia e teologia Ocidental. Em Vedanta, a mensagem é dirigida pela natureza dos receptores.
2- que Vivekananda pegou seu humanismo, socialismo, métodos de organização, etc., da sua experiência no Ocidente.

Réplica: ao ler sua vida em detalhes alguém logo descobre que ele havia estudado, e pensando, sobre as ideias de Hamilton, Herbert Spencer, Tyndall, T. H. Huxley, e outros, e como ele os costumava utilizar, antes dele retirar-se para o Ocidente. Ele fora, mesmo nos seus dias de escola, familiar com filósofos como Hume e Hegel, e um ávido leitor de John Stuart Mill.
3- Que ele fora ‘apenas’ o mensageiro do Mestre, não um poder espiritual em si mesmo
Réplica: coisa alguma pode ser favorecida deste fato. Sri Ramakrishna deu a ele o poder acumulado pelo seu próprio sadhana, em um dia decisivo em Dakshineswar, relembrado mais tarde: “Agora me tornei um mero faquir”. Vivekananda também, convidado por um dos seus irmãos-discípulos, declarou inequivocadamente: “Enquanto eu estiver na Terra, Sri Ramakrishna estará atuando através de mim, não há dúvidas”.
Vejamos agora o que deveremos chamar de os mais significantes e distintivos ensinamentos de Vivekananda.
Ele costumava sublinhar nove títulos:

1. Que unicamente a Verdade é Brahman
Isso difere um pouco de Sankara: “Apenas o Brahman é real; o mundo é falso”. Swami Vivekananda dizia que o nome mais proeminente que o homem deu a Deus era Verdade. “Minha missão”, ele disse numa entrevista em Londres, “é mostrar que religião está em tudo e é tudo”. Ele nos disse que o drama, a música e a arte, por si mesmos, é religião; que qualquer canção, de amor que seja, conduzirá à liberação de alguém, uma vez que “alma é canção”.
O mais surpreendente, ele diz: “Num certo sentido eu sou materialista, porque eu creio que há apenas o Uno. Isso é o que o materialista quer que você creia; apenas que ele o chama de matéria e eu chamo de Deus, Brahman”. Ele conhecia por experiência própria quando, após o toque do seu Mestre, ele foi às ruas e viu que tudo diante dele era Deus. Tanto por natureza, como por alma. “há apenas um único indivíduo”, ele diz, “e cada um de nós é esse”. Atma é Brahman.

2. A realização final é a identidade com Brahman
Aqui ele nos mostra a ortodoxia do Advaita. Nenhum acomodamento pode ser aceito. “Não pare até a meta ser alcançada!”, ele encorajava. Qual é a meta? Que a identidade pura, alcançada apenas pelo destemor - a qual é o porquê dele tanto falar de destemor, “Que Deus, pelo qual você tem procurado por todo o universo, é o tempo todo você mesmo, não em um sentido pessoal, mas no impessoal”. E quando os outros replicavam a Ramakrishna que isso soava como egoísmo, respondia, “Naren pode dizer isso”. “O eterno, o infinito, o onipresente, o onisciente é um princípio, não uma pessoa. Você, eu e todos, somos corporificações; que o princípio é mais do que a corporificação numa pessoa;  a importância que ele tem, e tudo no final será a perfeita corporificação deste, e assim tudo será um, como agora eles são essencialmente...”. Ele nos dizia que nascemos monistas; nós não podemos aliviar disto, porque nós sempre percebemos o Uno.

3. Todos os caminhos estão fundamentados no Advaita e completos nele
Isso é o que nos impede de sermos fanáticos: que o homem não vai do erro à verdade, mas da verdade inferior à verdade superior. Quando Swamiji falava sobre Sri Krishna e o Gita, ele advertia: “Vocês devem adorar o Ser em Krishna, não Krishna como Krishna”. Ele mostrava que a natureza todo-incluída do Advaita quando dizia que o Vedanta aceita o dualismo e todos os sistemas que precedem o Advaita. Este é o solvente universal dentro do qual todas as filosofias devem fundir-se no final. Isso não é um ‘incluivismo’ nem um triunfalismo como algumas vezes é alegado. Apenas veja: “Sem o Vedanta, toda a religião é superstição (incluindo o ‘hinduísmo’); com ele, tudo se torna religião”.

4. Religião deve ser apresentada racionalmente
Foi apenas isso que Swami Vivekananda disse nas suas falas no Parlamento das Religiões em Chicago, em 1893. Isso cativou os ouvintes, os quais estavam já cansados de longos discursos emocionais, de preladores sectários. Por todos os quadrantes, o Vedanta tem sempre prescrevido, sharavanam, manamam, nididhyasanam, ouvir a verdade, triturá-la, e meditar sobre ela; aqui estava Vivekananda não apenas nos falando da sua própria fé, mas sobre todas as fés. Havia antes alguém feito isso de algum modo? “Se a religião de alguém é verdadeira”, ele apontava, “então todas as outras devem ser verdadeiras”. “O que aconteceu uma vez na história deverá acontecer novamente...”. Essa fora uma atitude científica. Ele dizia que o estudo da religião pode e deve ser aspirado nas exatas mesmas bases da busca de qualquer outra ciência. “Cada religião invoca necessidade de ser julgada pelo ponto de vista da razão”, e quando as pessoas contestavam dizendo que a “razão humana era fraca”, ele dizia para elas, “um corpo de sacerdotes deve mesmo ser fraco”. Ele ousava dizer para seus discípulos no principal monastério na Índia, “Apenas aquelas partes dos Vedas as quais concordam com a razão são aceitas como autoridade”, e também os prevenia, com relação ao Guru, “Adorem seus Gurus como Deus, mas não os obedeçam cegamente; ame-o com toda a sua vontade, mas pensem por vocês mesmos”. 

5. Toda a verdade deve tornar-se disponível para todas as pessoas
“O que eu desejo propagar”, disse Vivekananta num palestra, “o ideal de uma religião universal... é uma religião que seja equanimemente aceitável por todas as mentes; ela deve ser equanimemente filosófica; equanimemente emocional; equanimemente mística e equanimemente conduzir à ação... e este será o ideal do aproximar íntimo de uma religião universal”. Particularmente, murmurava isso dentro dos ouvidos dos seus seguidores indianos. “A mais poderosa verdade confinada dentro de nossos Upanishads, em nossos Puranas, deve ser retirada de nossos livros; retirada de nossos monastérios, das florestas, da propriedade de corpos selecionados de pessoas e espalhada e transmitida sobre toda a Terra, até que esta verdade seja como o fogo, ao redor de todo o país”. Ele disse, “O Advaita, não deve mais ser secreto... ele deve baixar-se a vida diária das pessoas. Ele deve penetrar no palácio, saindo da caverna até a casa do lavrador, ao mendigo... em todos os lugares. O oprimido, o sem casta e as mulheres não mais devem ter medo. Deixe-se uma nova Índia surgir, do homem que lavra à terra; a cabana do pescador, ao sapateiro, ao varredor de ruas...”. Em Londres, Vivekananda fez esta predição: “O poder da religião, alargado e purificado, está penetrando em cada parte da vida humana... ele viverá em cada movimento nosso; penetrará em cada poro de nossa sociedade, e será infinitamente mais um poder para o bem que tenha sido alguma vez antes”.

6. Cada um deverá incorporar todas as fases da verdade
Por isso Swami não quis dizer que não há mais necessidade de especialistas; ele intencionava a não-exclusividade. O que a atual era precisa é de pessoas maduras “Para Deus!”; ele costumava dizer que todos os elementos da filosofia, misticismo, emoções e ação foram plena e equanimemente apresentados! Este é o ideal de pessoa perfeita. “Cada um de lado só.... é limitado, e este mundo está quase lotado destas pessoas de ‘um só lado’; com o conhecimento de apenas um caminho no qual eles se movem; qualquer coisa mais é perigosa e horrível para elas. Tornar-se equilibrado e harmonioso em todas as direções é a meta ideal de religião”. Em ocasiões extraordinárias ele apontava seu Mestre como um exemplo disso, ex.: “Isso foi dado para mim”, ele disse em Madrasis, “para viver ardentemente como um homem dualista; como um ardente Advaita, como um ardente Bhakta. Como um Jñani, Swamiji afortunadamente providenciou seu próprio bom exemplo: outro semelhante profeta equilibrado é difícil de encontrarmos. Ele foi um mestre em declarar perfeitamente as visões dos outros. Ele foi um músico, e no Ocidente teve lições de pintura na língua francesa.  “Nós somos de um novo tipo”, ele dizia aos seus ouvintes; “algumas vezes vestidos como um cavalheiro, nós estamos engajados em palestras; em outras vezes, jogados de lado.. cobertos de cinzas, nós estamos mergulhados em meditação; em austeridades nas montanhas e florestas”. Esta mesma ideia ele aplicou ao modo de seu trabalho: “Eu não nasci”, Swamiji assinalava, “para fundar mais uma seita, em um mundo fervilhante delas”.

7. Todos os caminhos são feitos ativos no serviço do homem com Deus
Suponha-se que nós queremos fazer trabalho caridoso; no caso, o que Swami Vivekananda nos diz, é: “Jamais se aproxime de qualquer coisa exceto como Deus. Esse é o nosso privilégio de nos ser permitido ser caridosos, por apenas assim podermos crescer. Os pobres sofrem para que talvez os possamos ajudar; deixe-se o doador ajoelhar-se e dar graças; deixe-se o receptor erguer-se e permitir. Sinta que o recebedor é alguém mais elevado. Você serve o outro porque você é mais inferior do que ele, não porque ele está embaixo e você está no alto”. A relação de tudo isso para sobrepor ao ego é óbvia. “Filosofia, Yoga e penitências ... todos aqueles se constituem na religião de alguém ou de um país; fazer o bem para os outros é a única religião universal”. Swami Vivekananda costumava dizer para seus discípulos, “Conheçam isso com certeza: aquele quem trabalhará será a coroa em minha cabeça. O que é a Índia, a Inglaterra ou a América para nós? Nós somos os servos de Deus, que pelo ignorante é chamado de HOMEN”.
Agora, se esta atividade de servir é expressa através de todos os caminhos, então nós novamente somos relembrados de nosso primeiro ponto: o drama, a música e a arte são por si mesmos religião. O que Vivekananda pregou ele fez. Numa palestra para ouvintes americanos em São Francisco, intitulada, “É o Vedanta uma Futura Religião”, ele confidenciou: “Vocês possuem um Deus pessoal. Neste instante eu os estou adorando (em falar). Esta é a maior das orações”.

 8. Que o homem é o fazedor de sua religião
O que ele quis dizer ‘por um homem’? Um ser humano, sem dúvida! “Grandes homens”, dizia Swamiji, “são aqueles quem constroem pontes para os outros, com  o sangue do próprio coração”. Que a austeridade desta era não é mais penitências em florestas e meditações, mas a construção de caráter através do karma Yoga; isso é o necessário hoje.
Que a Índia em particular agora procura ter ‘músculos de ferro e nervos de aço’, aos quais nada poderá resistir; os quais podem penetrar os mistérios do universo, e realizar seus propósitos em qualquer forma, mesmo que signifique descer abaixo do oceano e encontrar-se com a morte face a face. Citando ou parafraseando algum verso de poesia, ele disse: “Nós deveremos esmagar as estrelas ao átomo, e atordoar o universo. Voce não sabe o quem nós somos? Nós somos os servos de Sri Ramakrishna!”. Algumas vezes pode alguém sentir que Deus em Swamiji era a um Homem; “Homem leitura”, ele dizia, “ele é um poema vivo”; isso não é humanismo. Isso tem uma definição mais ampla.

9. Adorar o terrível
Este, de certo modo, é o mais “pessoal” destas ênfases singulares na mensagem de Vivekananda. Ele costumava dizer, quando falava de Kali Devi, que Ela, quem primeiramente ele não pode aceitar, tinha se tornado o poder que agora o movia. “Dois ou três dias antes de Sri Ramakrishna abandonar o corpo, Ela, como ele costumava chamar Kali Devi, entrou em seu corpo. É Ela quem entrou em mim aqui e me faz atuar... eu sinto que este Poder está me dirigindo constantemente”. À parte de ser pessoal para ele, de que modo isso é uma prescrição para nós? “Cada um é responsável pelo mal em cada lugar do mundo”. Ninguém pode, realmente, “fechar a porta onde o mal reside”; todos tem que encarar, eventualmente, o Ser, em cujas mãos segura o bem e o mal, a doçura e terror. Ela, a sempre Mãe imparcial; foi o ideal escolhido por Ramakrishna, e que Swami Vivekananda obrigou-se a trazer o significado disso e transmitir isso ao mundo. “Adoração ao terrível” significa para ele e para nós, não temer mesmo a morte; a ver no mundo de hoje o tremendo jogo da energia, mostrando seu esplendor em cada caminho; entendendo-o como o Poder de Brahman em si mesmo. 

om tat sat

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Moha Mudhgarah - Bhaja-govinda



Moha Mudhgarah
Bhaja-govinda
Sri Sankaracharya Bhagavatpadha
Kamakoti.org

Tradução e comentários de 

Swami Krsnapriyananda Saraswati

Gita Asharma 2011

Sri Adi Sankara Acharya



Uma introdução

Sri Adi Sankara nasceu num vilarejo chamado Kalady, de um culto casal  Brahmi Vaidika, Sivaguru e Aryamba, e mais tarde tornou-se o maior filósofo do mundo jamais visto. Ele foi o primeiro Sankaracharya de Kamakoti Pitham, em Kanchipuram.

Sri Sankara compôs um grande número de hinos para encorajar o sentido de devoção nos corações das pessoas, e esse foi o Seu maior serviço. Bhaja Govinda é um entre Seus muitos trabalhos e esta curto guirlanda de poemas em louvor ao Senhor Krsna (Govinda), onde Ele aponta a efêmera natureza da vida diante da grandeza do Guru, de Bhakti, etc.

Alguns críticos imaturos da Filosofia indiana creem e dizem que a via da devoção é diferente daquela do conhecimento. O sábio emprega a distinção enfatizando uma tese particular na qual são discursos em contextos diferentes. Não deveremos ficar confusos por isso, falhando no entendimento da verdade.

Quando a inteligência amadurece, e reside seguramente no coração, ela se torna sabedoria. Quando a sabedoria integra-se com a vida lançando-a em ação, ela se torna devoção. O conhecimento que amadurece é dito como sendo devoção. E se ele não se transforma em devoção, tal conhecimento é inútil e enfeite sem utilidade.

Sustentar e dizer que Jñana e Bhakti, conhecimento e devoção, são diferentes um dos outro, como o ouro na sua base metal, é expor nossa ignorância. A não ser que os  sentidos sejam controlados, o conhecimento não irá forte segurança no coração. O conhecimento não irá penetrar. Como alguém contém a pulsão natural dos sentidos? O coração não pode ser punido se os desejos e apegos não são evitados.

Seus apegos deverão estar totalmente extintos, e se a mente deve ser liberta deles, então a mente deverá direciornar-se para Deus. É preciso ter consciência de que exceto pela devoção a Deus não há outra maneira eficaz de controlar os sentidos. Sri Sankara compactado isso dentro do Bhaja-govinda, a canção substancial de todos os trabalhos védicos que Ele escreveu, e tem colocado a verdade da união da devoção e do conhecimento, pela melodiosa música a qual delicia nossos ouvidos e nossa alma.

1
Adore o Senhor, adore o Senhor, adore o Senhor, ó tolo! Quando chegar a hora (da partida), a repetição de regras gramaticais não irão, de fato, salvá-lo.
2
Ó tolo! Abandone o desejo de acumular riquezas; crie na mente pensamento sobre a realidade, destituída de paixão.
3
Contemplando a sedutora forma feminina, não seja vítima da frenética ilusão. Ela é (a forma) nada mais do que uma modificação de carne e gordura. Assim, sempre pense corretamente em sua mente.
4
A água sobre a folha de lótus é muito instável; assim, também, a vida é extremamente estável. Saiba que todo o mundo é devorado pela doença e prepotência, e golpeado com sofrimento.
5
Tanto quanto a sua capacidade de ganhar dinheiro será o apego de seus descendentes a você. Depois, quando você viver num corpo enfermo, ninguém mesmo falará uma palavra a você.
6
Tanto quanto há respiração no corpo as pessoas da família pedirão sobre seu próprio bem-estar. Uma vez que cesse a respiração, na destruição do corpo, aqueles dependentes temem o mesmo corpo.
7
Quando menino, o homem é atado às brincadeiras; quando jovem, o homem é atado às mulheres; quando velho, o homem é atado à ansiedade. Ao Brahman Supremo, infelizmente, ninguém se apega!
8
Quem é a sua esposa? Quem é o seu filho? Sumamente maravilhoso, de fato, é este processo empírico! De quem você é? Quem é você? De onde você veio? Oh! Irmão, pense nestas verdades aqui!
9
Pela companhia do bem, surge o desapego; atraves da companhia do desapego, surge a liberação da ilusão. Através da perda da ilusão surge a estabilidade; pela estabilidade surge a liberação na vida.
10
Quando a juventude se vai, qual a ambição que joga? Quando a água evapora, que lago há? Quando o dinheiro se vai, onde estão os dependentes? Quando a Verdade é conhecida, qual é o processo empírico?
11
Não seja orgulhoso pela riqueza, parentes e juventure; o tempo leva todos eles num momento. Deixando de lado tudo o qual é da natureza da ilusão, e conhecendo o estado de Brahman, entre nele.
12
Dia e noite, anoitecer e aurora, primavera e verão, vêm e vão repetidas vezes. O tempo diverte-se, a vida é passageira; mesmo assim, uma pessoa não deixa as voltas do desejo.
13
Por que se aborrecer com a esposa, riqueza, etc? oh! Louco; não é a você a quem o Uno  ordena? Nos três mundos, apenas a associação com boas pessoas podem servir como um barco que poderá levar a alguém a cruzar o mar de nascimentos.
14
O asceta enrola-se num cobertor; outro raspa a cabeça; a uns com os cabelos trançados um a um; há quem se disfarce diferentemente usando ocre – roupas coloridas – assim como um tolo que, apesar de olhar, não enxerga. Realmente, todos estes disfarces são para o “bem da barriga”.
15
O corpo fica decrépito; a cabeça fica calva; a boca fica sem os dentes, e apoia-se em muletas; o homem velho o cerca. Mesmo assim, a massa de desejos não se vai!
16
Diante de si está o fogo; nas suas costas, o sol; na noite (o asceta senta-se) com os joelhos encolhidos ao peito; ele recebe esmolas em suas mãos, e vive sobre as árvores, mesmo assim o cativeiro dos desejos não o deixa.
17
Alguém sai em peregrinação até onde o Ganga junta-se com o mar, ou observa os votos religiosos com cuidado; ou oferece presentes. Mas ele é destituído de conhecimento, e não alcança a realização – conforme todas as escolas de pensamento – mesmo num milhar de vidas.
18
Viva em templos ou aos pés das árvores; durma no chão usando pele de veados; renuncie a todas as posses e seus desfrutes; pode haver felicidade em quem não se desapegou?
 19
Deixe-se alguém praticar a concentração; ou deixe-se alguém indulgir-se no desfrute dos sentidos. Deixe-se alguém encontrar prazer em companhia ou na solidão. Ele será apenas feliz, feliz, muito feliz, cuja a mente desvele o Brahman.
20
Para aquele quem estudou o Bhagavad-gita, mesmo um pouquinho; quem bebeu uma gota da água do Ganges; e que realizou a adoração ao destruidor do demônio Mura (Sri Krishna), pelo menos uma vez, não terá querelas como Yama (o Senhor da Morte).
21
Repetidos nascimentos; repetidas mortes, e repetidos repousos em ventre materno, este processo transmigratório é extenso e difícil de cruzar. Salve-me, oh! Destruidor de Mura (Sri Krishna), através de Sua graça!
22
Aquele que usa uma roupa feita de trapos a fim de mendigar nas ruas; aquele que trilha o caminho além do mérito e demérito, o yogi abrindo mão de sua mente ao Yoga, deleita-se (no Brahman) como uma criança ou um homem louco.
23
Quem é você? Quem sou eu? De onde vim? Quem é minha mãe, quem é meu pai? Assim investiga, deixando de lado o mundo todo, o qual é comparado a um sonho, e sem essência.
 24
Em voce, em mim, e também em outros lugares, há somente um Vishnu (Deus). Em vão você zamga-se comigo, sendo impaciente. Veja o Ser – Atma – em todas as coisas, e deixe toda a ignorância que é causa da diferença.
25
Não faça esforço para estar em guerra ou em comum acordo com o inimigo, amigo, filho ou parentes. Se voce quer alcançar o status de Vishnu (de divindade) em breve, seja equânime – considere todas as coisas.
26
Abandone o desejo egoísta, a ira, o orgulho e a ilusão, autoinquirindo-se: quem sou eu? Aqueles sem autoconhecimento são tolos; presos na inferioridade, eles são torturados.
27
O Bhagavad-gita e o Santos Nomes devem ser cantados; a forma do Senhor de Laksmi deve sempre ser meditada; a mente deverá ser conduzida para a companhia do bem; e a riqueza deverá ser distribuída de forma generosa.
28
É fácil para alguém obter o prazer carnal; subsequentemente, olhe! há doença do corpo. Apesar de a morte refugiar-se no mundo, mesmo assim a pessoa não abre mãos da via impura.
29
A riqueza não é bem! Assim reflita nisso. Não há a menor felicidade a partir daí. Isso é a verdade. Porque a riqueza existe no temor mesmo de um filho; em todo o lugar esta é a forma normal.
30
A regulação da respiração; o recolher dos sentidos (dos objetos respectivos); o inquirir, consistem no discernimento entre o eterno e o não-eterno; o método do controle da mente associado com o murmurar de mantras – realize isso com grande cuidado.
31
Estando devotado completamente aos pés de lótus do Mestre Espiritual (Guru), livre-se do processo do samsara (reencarnação). Desta forma, e através da disciplina dos sentidos e do controle da mente, você irá contemplar a deidade que reside no seu coração.


om hari hara om tat sat

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vyavahara e Paramarthika


Vyavahara e Paramarthika

Krsnapriyananda Swami
Gita Asrama
2011





Na literatura do Vedanta, principalmente nos textos de Sri Adi Sankara, relata-se três noções de realidade possíveis, a saber:

Pratibhasika Sathya, Vyavaharika Sathya e Paramarthika Sathya. Deve-se, contudo, enfatizar que não se afirma que há distintas realidades ou três realidades diferentes, mas sim tres formas ou tres modos de entender a realidade, conforme o grau de entendimento e de abstração da pessoa.
i.                     Prathibhasika Sathya: não possui base nem qualquer existência. Uma ‘ilusão’ que exemplifica isso é o que ocorre nos sonhos. Outro fator, quando estamos numa luz tênue ou na penumbra, num local com pouca luz, uma corda poderá parecer-se com uma cobra. De fato, não existe uma cobra ali; ela está apenas na mente, porém a pessoa pensa que está na cobra. Mas tão logo haja mais luz, a falta imagem da cobra se desfaz. Isso é conhecido como Prathibhasika Sathya;
ii.                   Vyavaharika Sathya: um bom exemplo é o fato de quando estamos diante de um espelho e vemos nossa imagem refletida nele. Quando saímos diante do espelho, o reflexo desaparece. Portanto, o reflexo depende tão somente da imagem original do objeto, sendo visto apenas quando o objeto está diante do espelho. Aqui temos uma base chamada “a coisa original”. Sem este ‘original’ (que dá origem ao reflexo), evidentemente não há o reflexo. Isso ilustra o conceito de Vyavaharika Sathya.
iii.                  Paramarthika Sathya: é o que está presente em tudo e em todos, o tempo todo. Trata-se da verdadeira e eterna Realidade. Podemos enumerar alguns exemplos que ilustram esta noção: 1) o ouro e o dourado dos ornamentos (de ouro); a forma dos ornamentos como braceletes, anéis, pulceiras, colares, é mutável, porém o ouro e o dourado permanece sem mudança. 2) o barro e os diferentes utensílios como potes, pratos, vasos, etc., de diferentes tamanhos e formas; há muitos tipos de lâmpadas, com diferentes voltagens, tamanhos e desenhos, cores, etc. Apesar de muitas formas, muitos nomes, muitas cores, “castas”, neste mundo, o Ātma é único e o mesmo, e está presente em tudo e em todos; o ser interior de todos, sendo na realidade apenas o Uno.
Os que veem o único e mesmo Uno em tudo e em todos, em todos os nomes e formas, são chamados de Sama-dṛśti e Sama-bhava, constituindo-se na mais elevada forma de pensar ou viveka.

domingo, 26 de junho de 2011

Guru Charana Yoga

Guru Charana Yoga

Swami Sivananda

© Tradução para o Português de

Swami Krsnapriyananda


Sri Rama realiza Guru Puja para Sri SivaLinga

O Senhor é gracioso. Ele nos dá incontáveis oportunidades para desenvolver e alcançá-lO. Ele nos garantiu isso no Bhagavad-gita. Sempre que a injustiça se instala e a irretidão prevalece no mundo Ele manifesta-se pessoalmente. Ele chega até nós de várias formas. Ele vem até você através do Preceptor Espiritual ou Guru. Aquele quem realizou Krishna é compartilhado com o Seu poder é Graça. Para ao Sadhaka, o Guru é Krsna em Si mesmo. O Guru pode fazer chover a sua graça sobre todos; e Ele pode iluminar você. Ele é a forma visível representativa do Senhor. Mas você deve servir o Guru, prostrar-se diante dele, render-se a ele, e então perguntar sobre a Verdade Suprema; você então irá receber o mais elevado conhecimento do Ser.

Guru-Bhakti é absolutamente necessário. O Guru irá colocar você com Deus imediatamente. As pessoas, geralmente, se queixam: “- Nós não podemos encontrar um Guru nos dias de hoje” Isso é uma desculpa tola. Você pode ter mesmo um aspirante comum como Guru. Então você terá uma chance de mudar o seu ângulo de visão. Quando você olha um coco feito de açúcar, você tem uma consciência dupla. Você sabe que não se trata de um coco. Do mesmo modo você vê o mundo, e que na realidade não existe como você o vê. Isso é Nishchaya do estudante de Vedanta. Esta é a sua determinação. Assim, também, os defeitos do Guru aspirante não existem para o discípulo que o tomou como seu Guru com Bhakti. O aspirante deverá tentar e sobrepor todos os atributos do Senhor no Guru. Guru, Ishwar, Brahman, Om, Verdade, são todos uma só coisa. Você deve obedecer e seguir estritamente as ordens do seu Guru. Você deve sempre pensar que por detrás do nome e da forma do Guru está a pura consciência todo-impregnante. No devido curso do tempo, a forma física do Guru desaparece, e você irá realizar o Ser, a pura consciência Brahminica, que repousa por detrás da forma física do seu Guru.

Uma vez que você tiver alguém como Guru, você não deverá mudar nunca, ainda que tenha pegado uma pessoa com poderes ou Siddhis. Apenas assim você terá fé. Por meio de uma forte fé, você desenvolvendo-a, então irá realizar o Brahman, Deus e o Guru. Você deverá tornar-se como o famoso Bhakta Pipa, do Bhaktamala, que tomou o mendigo Nada como seu Guru. Certa feita ele viu Nada dançando sobre bambus no mercado, e tomou-o como Guru, Brahman encarnado, e prostrou-se diante dele, e então tendo alcançado a realizado do Ser, na forma do mendigo Guru.

Radha presta Padapuja para Krsna
Guru e discípulo devem ser familiarizados com a natureza de cada um. O estudante deverá conhecer perfeitamente as idéias e os princípios do Guru, e o discípulo deverá revelar tudo diante do seu Guru, suas fraquezas e defeitos. O discípulo deverá permitir-se a ser testado de a uma série de testes, provas e mágoas feitos por seu Guru, numa grande variedade de modos, assim que tenha plena confidência do discípulo.

O discípulo, também, deve estar em contato próximo com o Guru, durante o serviço e tentar embeber-se com as boas qualidades. Ele deve colocar todas as suas dificuldades diante do Guru, então apenas assim o Guru poderá remover as armadilhas e ciladas no caminho do discípulo, por meio de meios potentes.

Guru é Brahma, Guru é Vishnu, e Maheswara, na forma humana. A capa oculta do Guru não deve ser tomada como sendo uma pessoa comum. Se você servir o seu Guru, com plena devoção e fé, a realização do Ser irá vir num piscar de olhos, tão rápido como se esmaga uma pétala de flor na mão.

A não ser que você tenha fé no Senhor, e devoção plena ao guru, você não poderá entender as verdades do Vedanta; você não será capaz de elevar Brahmakara Vritti. Apenas quanto todo os Vishayakara Vrittis afundarem você terá Brahmakara Vritti surgindo na mente Sattvica, o qual está equipado com os quatro meios, e com as instruções do Guru. Sempre os Vishayakara Vrittis manifestam-se no lago da mente. Todos estes Vishayakara Vrittis irão desaparecer se você meditar no OM. O uno Brahmakara Vritti então surgirá. Este Brahmakara Vritti destrói a ignorância, e seus efeitos, trazendo iluminação. O seu mais importante dever, junto com as suas obrigações diárias, é despertar o Brahmakara Vritti, por meio de Japa do OM, ou do que o Guru lhe orientou; meditando no OM, e pelo estudo das Escrituras e Upanisads. Então você irá tornar-se uno como Brahman. Você irá ficar além da tristeza e ilusão; você irá alcançar o Supremo, por meio do conhecimento do Brahman e a graça do Guru.

Om tat sat

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Gurudum


Gurudum

Swami Sivananda

Tradução, comentários e notas

Swami Krsnapriyananda 



Jatilo Mundi Lunchita-Kesah     Kashayambara-Bahukrita-Veshah; Pasyannapi Cha Na Pasyati Mudho     Udara-Nimittam Bahukrita-Veshah

“Pela garantia da barriga, um meio de vida, que espécie de costume um homem adota? Alguns deixam o cabelo crescer (Jata), outros levam a sua cabeça raspada, outros se colocam em roupas alaranjadas. Ignorantes, de qualquer forma nada vêem”
(Sri Sankaracharya).

A Índia é uma terra sagrada da filosofia Advaita; a terra na qual originou personalidades como Sri Sankara, Dattatreya, Vamadeva, e Jada Bharata, que pregaram a unidade da vida e da consciência, e está cheia de sectarismos nos dias de hoje. Que haja misericórdia! Que lamentável estado nós vemos hoje! Se pode até mesmo contar os grãos de areia na beira de uma praia, mas será extremamente difícil contar o número de seitas que existem hoje na Índia. Cada dia, algum tipo de “ismo” está surgindo, como cogumelos, que se incham sobre a discórdia que está presente ali. Discórdia sem esperança, e desarmonia, reinam soberanamente aqui e ali. Disputas entre diferentes seitas. Divergências e divisões; disputas na justiça, brigas, discussões, e escândalos entre os monges prevalecem em todos os lugares. Não há paz e harmonia. Os discípulos de um Guru brigam com os discípulos de um outro Guru nas ruas e mercados.

Yogis Charlatões e de Poses de Gurus
Um jovem com um pouquinho de treino num harmônio (tipo de gaita), e um pouco de poder de fala, sobe numa plataforma, posa como se fosse um Acharya ou um Guru, num par de anos; publica uns poucos panfletos de lixo com algumas canções, e estabelece uma seita própria. A índia tem abundante tipo de estupidez, e qualquer pessoa pode ter seus próprios seguidores num curto espaço de tempo.
Outro jovem com algum treinamento em Asanas, Bandhas, e Pranayama, fecha-se numa caixa dentro de um buraco no chão, e levando alguns vegetais de forma escondida, fica lá dentro por quarenta dias. Então ele come algumas raízes, tirando a fome e a sede por alguns dias. Apenas Deus sabe o que ocorre nestas celas! Então ele dorme dentro da cela, e depois sai num pretenso Samadhi. Isto é uma pequena prática de Titiksha apenas. Seus Samskaras e Vasanas não estão totalmente destruídos. Ele continua sendo o mesmo homem mundano. Ele bate aqui e ali para coletar algum dinheiro e fazer alguns discípulos. Ele faz a pose de um Guru Yogi. De forma ignorante, as pessoas comuns são enganadas facilmente. A parte triste da história é que as pessoas perdem a fé no verdadeiro Yogi que entra no Samadhi real, por causa das tolas ações de tais autopresumidos Yogis jovens, que não possuem nenhuma responsabilidade. Estes falsos Yogis não fazem idéia e nem entendem a seriedade do Yoga e da vida espiritual. O Samadhi, certamente, não é um meio de demonstrações públicas nas ruas. O Samadhi trata-se de uma ação secreta. Samadhi não se trata de uma magia barata ou Indraja. Esta prática tem sido contagiosa. Muitos jovens têm mostrado esta façanha ou show.
Tome cuidado com estes Yogis Charlatões, que na luz do dia têm pose de Guru; ovelhas negras que são parasitas infectantes, e que infestam a sociedade; que são ameaças para o país, tais aves de rapina buscam seus recursos entre os incautos e ignorantes!
Alguns fazem discípulos para serem servidos quando envelhecerem. Eles jamais cuidam do avanço de seus discípulos.

Uma cautela para as moças
malabarásana
As moças são muito facilmente enganadas por estes assim chamados Gurus Acharyas. As moças são ingênuas e simples. Elas caem vítimas fáceis de um som melodioso. Estes falsos Gurus tentam vendar os olhos destas pessoas ingênuas. Eles facilmente ludibriam as jovens numa armadilha sem qualquer dificuldade. Eles as fazem de seus instrumentos ou ferramentas. Eles as exploram, enchem seus estômagos, e andam com roupas de seda, e sapatos de couro. Aqueles que estão na função de Grihastas ou dono-de-casa (homens casados) não têm a menor consideração com as escrituras para fazerem discípulas. Aqueles que fazem discípulas por segurança de um meio de vida são tais quais vermes que se mexem na imundície. Não há Prayashitta (expiação) para aqueles hipócritas. Eles serão jogados dentro dos infernos Raurava e Maha Raurava.
Ó Devis! Acordem! Abram seus olhos. Agora vocês todas são educadas. Usem suas razões. Não se deixem levar por mera leitura e música. Tenham cuidado com estes que têm postura de Guru. Jamais tenham um homem casado (não renunciado) como sendo seu Guru. Jamais recebam Diksha dele. Vocês irão chorar no final, e colherão uma colheita ruim se fizerem isso. Que o homem que vocês escolherem como seu Guru seja um exemplo, e de caráter imaculado. Ele deverá ser absolutamente renunciado, bem como ser livre da luxúria e do orgulho. Ele deverá ser livre de todos os tipos de máculas mundanas. Ele deverá ter o conhecimento dos Vedas e das Escrituras. Ele deverá ter força espiritual interna e auto-realização, para elevá-las e conduzi-las ao mundo espiritual. Alguém que deixa sua família, mulher e filhos, por causa de uma jovem, não está qualificado para ser um Guru, de modo algum.
Os maridos não deverão permitir que suas esposas recebam alguém como seus Gurus sem o devido exame completo, e inteiro entendimento da pessoa da qual elas querem pegar como Guru. Se de fato elas querem pegar alguém como Guru, se deverá selecionar um após cuidadoso estudo e investigação, e após conviver com ele por longo tempo. O marido e a esposa não devem ter Gurus diferentes. Haverá disputas. Eles deverão ter um mesmo Guru em comum.

A ameaça de Seitas e Cultos
O Senhor Chaitanya, Guru Nanak, Swami Daiananda, foram todos católicos, almas exaltadas. Todos os seus ensinamentos são sublimes e universais. Eles jamais pretenderam estabelecer seus próprios cultos e seitas. Se eles vivessem hoje, Eles iriam chorar pelas ações dos seus seguidores. É que Seus seguidores comentem erros e asneiras. Eles não desenvolveram um grande coração. Eles não dão a mínima atenção para isso. Eles criam competições, espírito de grupo, e todo o tipo de confusões.
Um líder espiritual jamais deverá estabelecer uma própria seita. Ele deverá ter uma visão de longo alcance para distribuir a paz no mundo. Ele deverá ter uma instituição de amplitude, com princípios universais, e doutrinas que não irão conflitar com os princípios das outras religiões, e que possam ser aceitos e seguidos por todos.

Características de um verdadeiro Guru
Aqui estão as características de um verdadeiro Guru. Se você encontrar estas características em qualquer homem, aceite-o como seu Guru. Um verdadeiro Guru é um Brahma-nishtha e um Brahma-Srotri. Ele tem pleno conhecimento do Ser e dos Vedas. Ele pode dissipar as dúvidas sinceras dos aspirantes. Ele possui visão equânime e mente equilibrada. Ele está livre de Raga-Dvesha, harsha, Soka, egoísmo, ira, luxuria, orgulho, apego ou Moha, e avareza, etc. Ele é um oceano de misericórdia. A sua mera presença inspira Santi ou paz e elevação da mente. Na sua mera presença, todas as dúvidas dos aspirantes sinceros são clareadas. Eles não possuem quaisquer expectativas de qualquer coisas de ninguém. Ele tem um caráter exemplar. Ele está cheio de alegria e bem-aventurança. Ele está a procura dos verdadeiros aspirantes.
Sankara Acharya
“Saudações aos pés de lótus do Guru! Eu creio plenamente num Guru verdadeiro. Eu tenho grande adoração por um Guru. Meu coração deseja servir os Seus pés de lótus para sempre. Eu creio que não há purificador mais poderoso do que o serviço ao Guru, que remove as impurezas da mente. Eu creio plenamente que apenas um bote seguro pode levar-nos para a outra margem da imortalidade, da companhia de um Guru!”. Este é o sentimento que alguém deve ter por um Guru verdadeiro.

Comércio Gurudom
Eu desgosto inteiramente do Gurudom comercial. Eu me desgosto inteiramente das ações hipócritas da pose de Guru e de “acharyas”, que se movimentam aqui e ali fazendo discípulos para coletar dinheiro. Todos vocês irão concordar comigo neste ponto. Não há duas opiniões que sejam contrárias neste ponto. Estes falsos Gurus são uma peste na sociedade. O Gurudom é um mero negócio. Ele deve ser totalmente erradicado do solo da Índia. Isso está criando uma impressão negativa nas mentes das pessoas ocidentais, e pessoas de diferentes paises. A Índia está perdendo a sua glória espiritual devido a estes negócios Gurudom. Drásticos passos devem ser dados na direção desta séria doença para destruí-la na raiz. Nenhuma pedra deverá ser deixada sem mexer-se tendo em vista a erradicação deste mal. Muitos têm feito deste Gurudom um negócio como um meio fácil de vida. Pobres e ignorantes senhoras e senhores são explorados por estes pseudo-Gurus, em grande escala. Que vergonha!
Muitos Gurus se mexem daqui para ali. Eles concedem palestras e discursos. Eles conhecem os Brahma-sutras e o Gita de cor, mas eles não possuem conhecimento e meditação. Eles se irritam facilmente. Seu Abhimana é muito rígido. Neles faltam os atributos divinos e Sadhutva. Eles não possuem espírito de serviço. Eles falam mal do serviço abnegado, do Kirtana, etc. Eles pegam as pessoas à força. Eles somente as “abençoam” colocando as suas mãos em suas costas, mas não são capazes de conduzir alguém a cruzar o oceano da ignorância e os levar para a salvação final ou bem-aventurança.
O grande público irá considerar alguém um grande Guru apenas por ele ter exibido alguns Siddhis (poder místico). Isso é um sério engano. Eles não merecem credibilidade. As pessoas são facilmente ludibriadas por estes charlatões. As pessoas, contudo, devem usar seus poderes de discernimento e razão; devem estudar os meios, os hábitos, natureza, conduta, Vritti, Svabhava, etc., de um que se diz Guru, e testar o seu conhecimento das Escrituras, antes de chegarem a alguma conclusão.
É preferível ter Sri Krishna, o Senhor Rama, o Senhor Siva, o residente interior do coração como seu Guru, e repetir o Seus nomes, do que se aproximar destas “ovelhas negras”, que enganam e roubam as pessoas neste país.
Que a gloriosa Índia seja abundante em Gurus verdadeiros como Sri Sankara ou Sri Dattatreya! Que ela seja absolutamente livre dos pseudos-Gurus e Gurudom, os quais são uma maldição fatal! Que os princípios universais do Sanatana-dharma floresçam no mundo! Que os líderes espirituais unam-se nas suas várias seitas e cultos! Que não se deixe estabelecer novos cultos. Que as lutas sectárias e querelas terminem para sempre! Que nesta terra seja sempre mantida a reputação, e o prestígio de um país espiritual, com santos, buscadores, Yogis, Bhaktas, e Sannyasis com Tyaga, tendo a renúncia verdadeira, e auto-realização como metas!
Que a unidade, a paz e a harmonia prevaleçam sobre todos! Que as bênçãos dos verdadeiros Gurus caiam por sobre todos! Que eles nos guiem o caminho da espiritualidade!

Om Tat Sat