quinta-feira, 1 de março de 2012

Conceito de Maya - Bhaskaracharya


Conceito de Maya

Bhaskaracharya

por

Swami Krsnapriyananda Saraswati

IGS BRASIL
Gita Ashrama

2012

Bhaskaracharya Maharaj
É bastante provável que poucos saibam que os conceitos Filosóficos contidos nas Escrituras chamadas “védicas” são advindos da Matemática.

No seu tratado de álgebra, ou Bija Ganita, na invocação chamada de Mangala Shloka, Sri Bhaskaracharya diz que o Supremo ou Brahman, que é infinito, não sofre diminuição quando cria o mundo externo, a partir de Si mesmo, ou tem algum ganho adicional quando, o que foi criado, alcança Laya ou fusão n´Ele. Uma vez que, se o adicionar de mesmo uma fração pudesse fazer diferença para o infinito, então Ele não teria sido infinito antes de tal adição. De forma semelhante, o infinito não pode tornar-se menor quando qualquer coisa é retirada d´Ele. O infinito é Purna, o Supremo pleno e ilimitado. O Prapancha ou universo, o qual é infinitamente variado, é também o Supremo ilimitado. Portanto, se este Purnam - a infinita variedade que forma o Prapancha objetivo -, é retirado fora do Purnam – o sujeito que é infinito -, o sujeito infinito irá permanecer. Isso pode ser ilustrado matematicamente, como segue: se 2 é dividido por 2, o quociente será 1. Com o 2 sendo o dividendo, se o divisor for progressivamente reduzido a 1, ½, ou ¼, etc., o quociente irá ser, respectivamente, 2, 4, ou 8, etc. Deste modo, o divisor torna-se menor, e menor, e o quociente irá tornar-se maior e maior. Quando o divisor for menor, próximo do que é infinitesimal, aproximando-se do zero, o quociente será infinito. Isto é conhecido como Khahaaram, onde “kha”, representando “Aakas” ou Pujyam ou zero, e “haaram’, significando tirar ou dividir.

De que modo nós verificamos a exatidão de uma questão aritmética numa divisão? Nós multiplicamos o quociente com o divisor, verificando se o resultado é o equivalente ao dividendo dado em questão. No Khahaaram, ou divisão de qualquer número por zero, o número que é dividido representa o Prapancha ou o universo pluralista de infinita variedade; o divisor, zero ou Pujyam, o qual, numa linguagem matemática, é um fator indefinido, aproximando-se do nada, representa Maya, e o quociente infinito é Brahman. Com o propósito de criação do Prapancha, o qual é dividendo, Brahman, o qual é o quociente, multiplica-se por Maya, o qual é divisor. Mesmo que se divida por zero, seja 1, 2, ou 3, o quociente será sempre o mesmo; quando o infinito é multiplicado por zero, ele é indeterminado, e, portanto, ele pode ter o valor de 1, 2, e 3, etc., o qual é Bheda Sankhyas, ou diferença em conotação de números, representando a pluralidade do mundo.

Deviji Maya Sakti
Os Upanishads dizem que o Uno Absoluto determinou-Se a Se tornar “muitos”, e para este propósito associou-se com Maya, tornando-Se muitos. Quando este Infinito Absoluto multiplica-se a si mesmo em associação com Maya, a qual é equivalente a zero, ele aparece como 1, 2, 3, etc., como os múltiplos objetos deste Prapancha. Mas quando qualquer número é multiplicado por Maya, o dividendo, o qual é a pluralidade do Prapancha, é de variedade infinita. O quociente, o qual é Brahman, é Akhanda real, e Ananta. No Shaanti Mantra, a expressão “Purnam Adha” é o quociente, a infinidade Absoluta, e “Purnam Idam” é o dividendo, a pluralidade infinita. O Advaita Anantam multiplicado por Pujyam é Dvaita Anantam. Se depois for removido de Maya – pelo processo de Khahaaram, dividindo por Pujyam, o qual é Maya – temos o Advaita Anantam. Maya multiplica o infinito sem forma, o qual é o Uno, sem um segundo, dentro de uma infinidade de formas finitas. Apenas o Uno, que é real, tem valor; os “muitos”, os quais são produto de Maya, são como Maya, sem um valor final. Assim, o Brahman não é afetado pela diminuição suposta d´Ele (criação ou Srsti), ou pela adição n´Ele (fusão ou Laya), do Prapancha, o qual não tem um valor final.

A Mãe Divina é o princípio Criador do universo, e Maya Sakti é o aspecto do Brahman, a qual faz o Uno Infinito parecer como muitos infinitos. Ela apresenta o Supremo sem-forma em formas finitas. É apenas por Sua Graça que alguém pode transcender Maya, e obter a realização Advaita do Uno, sem um segundo.

om tat sat