Conceito de Maya
Bhaskaracharya
por
Swami Krsnapriyananda Saraswati
IGS BRASIL
Gita Ashrama
2012
Bhaskaracharya Maharaj |
É bastante provável que poucos saibam que
os conceitos Filosóficos contidos nas Escrituras chamadas “védicas” são advindos da Matemática.
No seu tratado de álgebra, ou Bija
Ganita, na invocação chamada de Mangala Shloka, Sri Bhaskaracharya diz que o
Supremo ou Brahman, que é infinito, não sofre diminuição quando cria o mundo
externo, a partir de Si mesmo, ou tem algum ganho adicional quando, o que foi
criado, alcança Laya ou fusão n´Ele. Uma vez que, se o adicionar de mesmo uma
fração pudesse fazer diferença para o infinito, então Ele não teria sido
infinito antes de tal adição. De forma semelhante, o infinito não pode
tornar-se menor quando qualquer coisa é retirada d´Ele. O infinito é Purna, o
Supremo pleno e ilimitado. O Prapancha ou universo, o qual é infinitamente
variado, é também o Supremo ilimitado. Portanto, se este Purnam - a infinita
variedade que forma o Prapancha objetivo -, é retirado fora do Purnam – o
sujeito que é infinito -, o sujeito infinito irá permanecer. Isso pode ser
ilustrado matematicamente, como segue: se 2 é dividido por 2, o quociente será
1. Com o 2 sendo o dividendo, se o divisor for progressivamente reduzido a 1,
½, ou ¼, etc., o quociente irá ser, respectivamente, 2, 4, ou 8, etc. Deste
modo, o divisor torna-se menor, e menor, e o quociente irá tornar-se maior e
maior. Quando o divisor for menor, próximo do que é infinitesimal,
aproximando-se do zero, o quociente será infinito. Isto é conhecido como Khahaaram,
onde “kha”, representando “Aakas” ou Pujyam ou zero, e “haaram’, significando
tirar ou dividir.
De que modo nós verificamos a exatidão de
uma questão aritmética numa divisão? Nós multiplicamos o quociente com o
divisor, verificando se o resultado é o equivalente ao dividendo dado em
questão. No Khahaaram, ou divisão de qualquer número por zero, o número que é
dividido representa o Prapancha ou o universo pluralista de infinita variedade;
o divisor, zero ou Pujyam, o qual, numa linguagem matemática, é um fator
indefinido, aproximando-se do nada, representa Maya, e o quociente infinito é
Brahman. Com o propósito de criação do Prapancha, o qual é dividendo, Brahman,
o qual é o quociente, multiplica-se por Maya, o qual é divisor. Mesmo que se
divida por zero, seja 1, 2, ou 3, o quociente será sempre o mesmo; quando o
infinito é multiplicado por zero, ele é indeterminado, e, portanto, ele pode
ter o valor de 1, 2, e 3, etc., o qual é Bheda Sankhyas, ou diferença em
conotação de números, representando a pluralidade do mundo.
Deviji Maya Sakti |
Os Upanishads dizem que o Uno Absoluto
determinou-Se a Se tornar “muitos”, e para este propósito associou-se com Maya,
tornando-Se muitos. Quando este Infinito Absoluto multiplica-se a si mesmo em
associação com Maya, a qual é equivalente a zero, ele aparece como 1, 2, 3,
etc., como os múltiplos objetos deste Prapancha. Mas quando qualquer número é
multiplicado por Maya, o dividendo, o qual é a pluralidade do Prapancha, é de
variedade infinita. O quociente, o qual é Brahman, é Akhanda real, e Ananta. No
Shaanti Mantra, a expressão “Purnam Adha” é o quociente, a infinidade Absoluta,
e “Purnam Idam” é o dividendo, a pluralidade infinita. O Advaita Anantam
multiplicado por Pujyam é Dvaita Anantam. Se depois for removido de Maya – pelo
processo de Khahaaram, dividindo por Pujyam, o qual é Maya – temos o Advaita
Anantam. Maya multiplica o infinito sem forma, o qual é o Uno, sem um segundo,
dentro de uma infinidade de formas finitas. Apenas o Uno, que é real, tem
valor; os “muitos”, os quais são produto de Maya, são como Maya, sem um valor
final. Assim, o Brahman não é afetado pela diminuição suposta d´Ele (criação ou
Srsti), ou pela adição n´Ele (fusão ou Laya), do Prapancha, o qual não tem um
valor final.
A Mãe Divina é o princípio Criador do
universo, e Maya Sakti é o aspecto do Brahman, a qual faz o Uno Infinito
parecer como muitos infinitos. Ela apresenta o Supremo sem-forma em formas
finitas. É apenas por Sua Graça que alguém pode transcender Maya, e obter a
realização Advaita do Uno, sem um segundo.
om tat sat