terça-feira, 10 de maio de 2011

Sankaracharya Jayanti; Conhecendo o fundamental no Advaita Vedanta


Sankaracharya Jayanti
Conhecendo o fundamental no
Advaita Vedanta

Por
Swami Atmananda


Tradução e notas sob licença
International Vedanda Mission
por
Swami Krsnapriyananda
Gita Ashrama - 2011



A comemoração do Sankaracharya Jayanti (aparecimento de Sankara) ocorre no 5º dia da lua nova entre Abril e Maio. Neste ano conforme o calendário inglês ocorre no dia 8 de Maio (no Brasil, dia 9).

A existência do Dharma Védico na Índia de hoje deve-se primeiramente a Sankara. As forças opostas a religião Védica era muito numerosas e poderosas na época de Sankara do que são nos dias de hoje. Mesmo assim, de modo simples, dentro de um curto tempo, Sankara venceu-as todas e restaurou o Dharma Védico e o Advaita Vedanta para a sua pureza original na Terra. A arma que ele usou foi o conhecimento puro e a espiritualidade.

Adi Sankara
Sankara é o primeiro entre os mestres do pensamento, e uma gigante alma que a mãe Índia produziu. Um expositor da filosofia Advaita Vedanta, Sankara foi um gigante pensador, um filósofo prático, um lógico infalível, e uma personalidade dinâmica, de estupenda força moral e espiritual. Sua garra e esclarecedor poder não conheceu amarras. Ele foi  um yogi plenamente desenvolvido, um Jñani e um Bhakta. Ele foi um grande karma-yogi. Bharata Varsha (Índia) teria deixado de ser Bharatha Varsha muitos séculos atrás e não teria sobrevivido às espadas assassinas, ao fogo devastador e a intolerância religiosa dos sucessivos invasores, se Sankara não tivesse vivido a vida que viveu, às lições que ensinou.

Seus ensinamentos podem ser resumidos em três rápidos aforismos:

Brahma satyam jagat mithya, jivo brahmaiva naparah, significando: apenas o Brahman é real; este mundo é ilusório; e cada Jiva é basicamente aquele, unicamente divina bem-aventurança infinita, e nós não temos identidade aparte ou distinta dele.

Brahma Satyam
Narada Muni
Brahman é o princípio da vida; o qual é pura consciência. Ele é o substrato de toda a criação, do mesmo modo como está a água para as ondas e bolhas. A palavra “Satya” refere-se ao que existe em todos os três períodos de tempo: passado, presente e futuro; é o que transcende o tempo e assim é atemporal. Aquilo o qual existe todos os tempos, e o qual não pode ser afetado pelo tempo. Neste sentido Brahman é a realidade a qual existe antes da criação, existe apesar da criação, e irá existir mesmo quando a criação dissolver-se. Portanto, o Brahman não é a consciência manifestada como ‘eu’ ou ‘nossa’ mente, mas é pura consciência a qual está além de todas as manifestações. De fato, ele é o que existe por primeiro, e depois dele tudo se segue. Quando nós contemplamos a criação, ela é assim bela, ordenada e perfeita. Tal criação não pode ocorrer por si mesma, a partir da matéria inerte, mas há um poder onipotente, omnisciente e onipresente o qual cria e sustenta todas as coisas vivas e não-vivas. este poder único é o Atma de tudo. Ele é a nossa essência básica a qual nós todos devemos objetivar despertar interiormente.

Jagat Mithya
A palavra ‘jagat’ açambarca em si mesma o mundo todo. Qualquer coisa que possa ser objetivável e que possa ser conhecida, outra que o Ser, entra para dentro do reino de ‘jagat’. Os objetos do mundo, nossos corpos físicos e sutis, todas as nossas experiências e o conceito de tempo advêm sob o controle de Jagat. A palavra ‘jagat’ dá o sentido de ‘jayate gachhati iti jagat’, isso é, aquilo que nasce e morre no reino do tempo é jagat. As escrituras desvelam que a natureza deste mundo ou jagat é ‘mithya’, ou seja, ela é ilusória em natureza. Ela é comparável ao mundo dos sonhos. Nós temos algumas experiências, mas elas não possuem qualquer existência real. Isso é Mithya. Mithya é aquilo que não existe nos três períodos de tempo. Não houve no passado, irá cessar de ser no futuro, mas como pensamento aparece como estando aqui  no presente. O aforismo ‘jagat mithya’, deste modo implica que todas as experiências são transitórias, e não possuem existência real. Outra importante característica de Mithya é que ele não tem a capacidade de nos dar a plenitude daquilo o qual vemos. É como sonhar com comida. Apesar de o quanto comamos não saciará a nossa fome. Assim, também, nós experienciamos o melhor dos prazeres neste mundo o quanto aqui permaneçamos. Vazio e procura. Certamente o mundo nos auxilia a fazer uma vida confortável e organizada, mas não irá saciar plena e interiormente a visão interna. O verdadeiro contentamento repousa no Ser interior. O qual em Mithya não possui existência independente. Ele depende da existência de uma entidade viva, no princípio vivificante. Como, então, pode ele dar felicidade ao Ser? Este aforismo nos auxilia diretamente em nossa vida, através do conhecimento da realidade das coisas.

Jivo Brahmaniv Naparah
Este sutra desvela que o Jiva vê a si mesmo como finito e limitado, e o ser como verdadeiramente infinito e ilimitado em natureza. Este ser é Brahman. A existência de Jiva ou o indivíduo surge devido à ignorância do Ser, e erroneamente identificando o Ser com o corpo e as várias regras, que nós jogamos através do corpo. O corpo e todas as experiências que nascem neste corpo são limitados em tempo e espaço, e, portanto nós vemos a nós mesmos como limitados da mesma maneira também. Nossa procura básica é pelo ilimitado, por bem-aventurança, porque essa é a nossa verdadeira natureza, mas devido à identificação com o corpo limitado, mente e intelecto, nós estamos procurando constantemente, caindo em mais e mais armadilhas, com o sentido de limitação e procura externa. O único caminho de liberação neste sentido de limitação e busca, é conhecer a Realidade do Ser, o mundo e sua criação. Precisa-se observar a natureza limitada e o transiente do mundo, e todas as experiências neste mundo. Apenas isso irá nos auxiliar a girar nossos focos para o que é eterno. A jornada de despertar de um Jiva limitado para o Brahman ilimitado é uma jornada de conhecimento; o despertar do conhecimento. Ela é um estado ou realidade do ser a qual alguém não tem como alcançar através de quaisquer ações, mas pelo conhecimento o qual já está aqui; “Eu sou o ilimitado; autorrefulgente e bem-aventurado Brahman, aqui e agora”. Todos precisam realizar isso para ver a natureza efêmera do mundo objetivo, e ver aquilo que é intocável pela mudança; intocado pelo nascimento ou morte.

Despertar dentro desta verdade una é livrar-se do cativeiro das dependências, e da busca constante. O mundo é um lugar belo, mas a sua verdadeira beleza é vivida quando a pessoa vive nele conhecendo a sua realidade, e também a realidade do Ser.

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fonte
This is a Net Publication of the International Vedanta Mission

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